terça-feira, 17 de novembro de 2009

Meu Relato

Sempre acompanho o BHY e ele sempre fala das agressões causadas por homofobia. Eu também já fui agredido.
Estava com o número 4 numa praça vizinha a um shopping em Natal, Rio Grande do Norte, cidade onde nasci e cresci. Eram umas oito horas da noite, nós havíamos saído da universidade e íamos para o tal shopping, mas resolvemos ficar na praça mesmo. Namorar na praça.
Não lembro exatamente, mas acho que era o terceiro dia de namoro e ele ainda estava se acostumando com o meu jeito aberto de demonstrar carinho, eu sempre queria andar de mãos dadas e não tinha receio em trocar carícias em público. Havia adquirido este hábito com o número 3 e, acredito que depois de mim, o número 4 também adquiriu o costume.
Estávamos, como um casal de namorados qualquer, num dos bancos da praça, ele estava sentado e eu deitado, com a cabeça em seu colo, conversando trivialidades. As pessoas que passavam por nós olhavam desconfiadas, mas eu já nem me importava pro olhar torto do povo, afinal, eu estava no meu direito. Até que dois rapazes vieram nos perguntar as horas, falando que não estávamos com relógio e eles foram embora, mas soltaram "vocês formam um lindo casal". Fiquei, com minha inocência, impressionado com a frase, mas meu ex ficou apreensivo. Falei pra ele relaxar, que talvez algumas pessoas já aceitassem numa boa ou que os rapazes também fossem gays, quem sabe? Como falei, fui inocente.
Nós nos levantamos para ir embora, quando os dois rapazes voltam com mais outros três, correndo em nossa direção, já desferindo golpes na gente, em mim, principalmente, pois sou bem mais alto que o número 4.
Começou a briga, fiquei tão enraivecido com o ato, que parti pra cima de dois, que se assustaram com minha reação e correram. Cheguei a persegui-los, até que me lembrei que havia deixado o número 4 contra outros três. Voltei. Os três só tentaram pegar nossas mochilas e meu ex só esquivava, enquanto um deles parecia estar armado com uma faca. Não quis ficar para saber se era um blefe, peguei na mão do ex e fomos embora, mas os outros dois voltaram jogando pedra na gente. Aí é covardia, éramos dois contra cinco, armados de pedra e talvez de facas. Tivemos que correr, eles não nos perseguiram, talvez porque um táxi passou por eles e os tenha assustado.
No final, quando chegamos numa via mais movimentada, eu e o número 4 nos olhamos e rimos. Então nos beijamos, talvez um dos beijos mais intensos que já dei na vida. Ele comentou, dias mais tarde, que ouvira "sinos" durante o beijo. Estava apaixonado.