sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Falando em Amazônia...

Esta questão da Amazônia me lembra o tempo que morei lá.
Apuí, interior do Amazonas, mais precisamente no distrito de Sucunduri, mais precisamente ainda, cerca de 110 quilômetros ao sul do distrito.
Estava estiagiando e fiquei por lá três meses direto, em plena Floresta Amazônica. E posso dizer que foi um dos melhores períodos de minha vida.
A viagem durou dois dias e meio num barco com uns três metros de comprimento, no máximo, por um metro e meio, mais ou menos, de largura.
Chegando lá, fiquei no acampamento base, mas logo me mandaram para um volante.
Adorava acampar somente com uma lona amarrada nas árvores e dormir em redes com mosquiteiros. Fazer trilha andando pelas picadas para coletar amostras, subindo e descendo serras. Foi lá que aprendi a pescar (meu primeiro peixe foi um pacu, olha aí a ironia) e foi também onde vi animais em estado selvagem.
Tive alguns desses encontros, logo no primeiro dia de viagem, vendo um veado atravessando o rio Sucunduri e, depois deste, vi vários pássaros, tucanos, araras. Também provei carne silvestre: tracajá (uma espécie de tartaruga), paca, queixada (porco do mato), jacaré, mutum (uma ave) e diversos peixe. Só não tive coragem de comer uma lingüiça de anta que foi oferecida, nem carne de macaco, que deposi descobri que estava com verme.
E ainda sofri alguns "ataques" destes animais: pisei uma cobra num picada, mas acho que ela estava com o estômago cheio, pois quando pisei, ela nem se mexeu; depois vi o vulto de uma jaguatirica bem na minha frente, só fiz dar meia volta e pegar outro caminho, que me levou ao encontro de uma manada de porcos do mato, o peão que estava comigo sugeriu que subíssemos em árvores e ele afugentou os bichos, eram muitos, acho que um quarenta ou cinqüenta; noutro dia, enquanto escovava os dentes na beira do rio, um grande jacaré vem em minha direção, só que eu fico maravilhado com o bicho e não do lugar, é quando um dos peões arremessa uma vara para o réptil e o animal agarra o galho em pleno ar, é a oportunidade pra eu sair da beira do rio, pois estava num lugar escorregadio; e o último encontro foi com uma onça que eu não vi, um dos peõs que estava comigo só me pediu pra fazer silêncio, eu não entendi, mas obedeci, foi quando ele fica sério e segura o facão e eu começo a sentir um cheiro de carniça, ficamos nesta situação uns cinco minutos, e aí ele fala pra seguirmos, quando pergunto o por quê daquilo, ele fala que era uma suçuarana.
Bons tempos aqueles, sinto saudades. Foi uma grande aventura.

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